terça-feira, 9 de setembro de 2014

POLÍTICA E RELIGIÃO: UMA MISTURA PERIGOSA


Por: Agmael Lima


Em tempos de campanhas eleitorais não é incomum presenciar igrejas diversas transformarem seus púlpitos em verdadeiros palanques politiqueiros. É no mínimo curioso ver um político usar da religião para chegarem ao poder, assim como é extremamente nocivo um líder religioso permitir que “seu templo” seja transformado num espaço de disputa política.

Para mim política e religião são coisas totalmente diferentes uma da outra, e isso fica bem claro na célebre frase de Jesus Cristo que ao ser questionado pelos judeus se deveriam ou não pagar impostos a César, disse: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". Essa frase é a maior demonstração da separação entre o mundo da espiritualidade a o mundo da materialidade, ou seja, a clara separação que deve existir entre o Estado e a religiosidade.

Misturar política com religião pode ferir o estado laico, pois sempre que isso ocorre, pode ser confundido como um ataque à fé e ao idealismo político das pessoas. Na verdade essa mistura nunca deu certo e para se ter uma ideia na Idade Média, conhecida como “Idade das Trevas” política e religião eram praticamente a mesma coisa e essa mistura foi responsável por milhares de assassinatos “em nome de Deus”, onde qualquer um que se opusesse ao poder daquela época, era morto em nome do Criador, o que culminou num dos atos mais obscuros e sangrentos da nossa história: a “Santa Inquisição”.

Outro exemplo atual de conflitos político/religioso é a chamada “Guerra Santa” ocorrente no Oriente Médio, num confronto quase que eterno entre o Judaísmo e o Islamismo, religiões que vem de um mesmo patriarca: Abraão. Da genealogia deste surgiram os conflitos entre dois povos que reivindicam a mesma terra. A fé Islâmica cresce nesse cenário de vingança contra os Judeus que por sua vez se fortalecem em busca de vitória diante desse confronto regado a ódio e fé e que arrasta milhões até o conflito armado. A “Guerra Santa” é um dos mais claros exemplos de que alguns governos usam a religião para enganar a população, ou seja, usa da religião para justificar sua ideologias políticas.

Uma das mais importantes conquistas democráticas no mundo contemporâneo é a separação entre religião e política. Mas vejo que os “religiosos” de hoje, ao se manifestar politiqueiramente podem estar estimulando o Brasil a viver seu período de trevas. Para mim, as relações políticas, sociais, cívicas, não podem ser orientadas pelas opções religiosas. Por outro lado a política não deve ser vista como o império do mal, e muito menos a religião deve ser expressada como o bem absoluto, pois ambas quando prisioneiras de raciocínios fanáticos, tendem a gerar o absolutismo.

No meu ponto de vista a política não deve mandar na religião, assim como a religião não deve mandar na política. Transformar o altar em palco de comícios é algo reprovável, pois usar da fé de seguidores para se beneficiar politicamente é uma ação totalmente antirreligiosa, ou seja, foge dos princípios da verdadeira religião.